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Autoria
Contemple o mundo através da Janela
Calvin escreve...
Uma tirinha dos impagáveis Calvin e Haroldo para aquecer e refletir se a técnica de "encher linguiça" vai mesmo garantir aquela nota gorducha na redação.
O ministério dos corretores de redação adverte: usar palavra cujo significado é desconhecido faz mal à compreensão
É fato que existem roupas que não nos caem bem. Seja pelo tamanho, pela estampa, ao invés de embelezar, acabam nos deixando feios. Não combinam, fazer o quê? Do mesmo modo, há palavras que não combinam de jeito nenhum com as idéias que queremos expor. O problema é que ao desejamos mostrar domínio de vocabulário, mas será que vale a pena se arriscar assim? Veja o texto abaixo, cuja proposta pedia que se produzisse uma dissertação refletindo ou explicando sobre a criação de uma paixão nacional:
“É. Como sempre temos um fim de semana ou melhor a semana inteira ou durante as férias para usufluirmos um empecilho melhor em nossa vida. Procuramos algo de melhor para podermos divertirmos socialmente: Durante vivemos na rotina do trabalho, mas enfim chega o final de semana tão arrogante, com todas as suas injúrias à espera das negligentes pessoas que quando chegam querem usufluir exageradamente do sábado e do domingo. No fim de semana as horas passam tão rápido que as pessoas ficam horrorizadas, sufocadas querendo aproveitá-lo de uma maneira radical. Exigindo tudo o que tem direito, às vezes chegam até ao ponto de se suicidarem com tanta violência, rapidez porque tem que aproveitar o fim de semana. E com isso outros curtem o fim de semana com paz, harmonia agilidade e com muita animação para que as horas possam passar lentamente porque o que é bom dura pouco como essa paixão nacional que é o final de semana.”
Esse usou marca de oralidade logo de primeira, afinal iniciar uma dissertação lascando um “é” na cara do leitor não tem nada de chique e formal. Linguagem coloquial tem seu lugar, mas fora do texto dissertativo.
Além disso, como seria “usufluir um empecilho”? (“Usuflua com moderação”, talvez o autor retrucasse). E que violência é essa que faz as pessoas "se suicidarem" (com direito a redundância e tudo) enquanto outras “curtem o fim de semana com paz”? Certamente, ele quis dizer que há pessoas que se excedem nos vícios, como álcool e drogas e acabam envolvidas em “situações suicidas”, ou ainda, vítimas do consumo desenfreado.
Temos também uma personificação brusca do pobre final de semana: a ele são impostas características humanas como a "arrogância", além de ser algo capaz de trazer "injúrias", ou melhor, ofensas para as "negligentes pessoas"(digno de um vilão que se preze). Assim como quis fazer uma comparação entre pessoas que sabem aproveitar a folga com tranquilidade e juízo e as que não o conseguem.
Há a pergunta que não quer calar: seria o final de semana algo tão horripilante para ficarmos "horrorizados" a ponto de aproveitá-lo a todo o custo? :o
Poderia ser interessante ficar aqui conjecturando sobre o milk shake de ideias feito pelo autor, mas, convenhamos, corretor algum fica quebrando a cabeça para entender o que o candidato quis dizer. Para a banca, é questão de saber ou não se expressar. Se as ideias estão expostas claramente, ponto mais para o candidato. Caso contrário, não se perde tempo fazendo ginástica cerebral para entender a trama. Lembremos que facilitar o trabalho do corretor, escrevendo com clareza, não é pedir demais.
Em matéria de ideias, o texto trouxe palavra fortes. Sem dúvida, a intenção do candidato foi a de impressionar a banca, mostrando sua capacidade de polemizar, de perceber os problemas sociais na "construção de uma paixão nacional". Contudo, não foi essa a mensagem deixada. Parece mais uma vinda de algum outro ponto do espaço sideral. Algo que aparenta não se relacionar com o nosso cotidiano, não é mesmo?
Tudo isso devido a um problema sério: não conhecer o significado de uma palavra e aplicá-la indiscriminadamente em um texto, o que resulta em confusão e incoerência. Esses são alguns dos males proporcionados pela falta de leitura e intimidade com as palavras. Ora, se as palavras são as armas que você tem nesse momento decisivo, nada mais importante do que conhecer bem essas armas, ou seja, os significados delas para não cair em armadilhas, como a do camarada acima.
Cautela é sempre bom quando você não domina os significados das palavras. Na dúvida, use sinônimos ou expressões equivalentes. Nisso as palavras cruzadas, apesar de tachadas como passatempo do vovô, são ótimas para ajudar a memorizar sinônimos e estimular a memória,
Redigir adequadamente para o ENEM é coisa séria. Usufrua das palavras com moderação.
A passagem - uma agradável descoberta
Sábado, abril. Estava em uma livraria, procurando avidamente algum livro interessante. Fiquei na dúvida entre O labirinto" de Kate Mosse e "A passagem", de Justin Cronin. O preço atrativo e as informações na orelha da capa me fizeram ficar com a última opção. E juro que não me arrependi.
Já no ônibus, o livro me fisgou na primeira linha com as citações de Shakespeare e a história de Amy, antes de se tornar a garota de lugar nenhum...
Lá pela página 16, uma moça sentada ao meu lado fez questão que eu mostrasse a capa do livro – é A passagem – eu disse, com ar triunfante. Nessa altura, eu já tinha consciência de que havia feito uma boa escolha. E, pelo visto, a moça foi fisgada também na leitura clandestina e por talvez ter percebido meu interesse nas páginas, o que não me deixou desgrudar a vista para fitar a janela um segundo sequer.
Fiquei feliz em ter me enganado redondamente. Essa não é mais uma história clichê sobre vampiros. Muito embora não escape de alguns sensos comuns, ela é recheada de situações insólitas. Os seres vampirescos, segundo as descrições, lembram demônios das pinturas da idade média e não têm nada de românticos. Ao contrário do que vemos em vários livros, eles não lutam para conviverem com humanos ou se sentirem como tais e sim contra um tipo de submissão a uma mente mais forte, em meio à uma angustiante (e inconsciente) busca pela própria identidade.
Sinceramente, eu me senti mal a cada momento em que tive que abandonar a leitura, porque a história é tão absorvente que você deseja logo chegar ao próximo capítulo, avançando com os muitos personagens, em todas as frentes. E esses vários personagens não são labirintos, do tipo que são criados apenas para fazer volume de modo que você se perca. Cada um tem sua história, visão de mundo, incertezas, angústias. Há reviravoltas, ganhos e perdas típicos da condição humana.
A história se desdobra no tempo sem se esgotar. O autor soube entrelaçar muitas tramas, cada fio ligado a um personagem e entrecruzando os fios de tantos outros. O narrador se desloca em vários ambientes, seja através do tempo, num futuro devastado e sem esperança, seja a partir das mentes dos personagens e seu mundo interior; é um livro que instiga a leitura no decorrer da trama.
Há também as cenas cinematográficas, como não poderia deixar de ter, mas temperam bem a trama sem deixar a peteca cair.
Para um livro comercial, ele surpreende pela verossimilhança e detalhismo.
A passagem é imperdível para quem aprecia ficção!
Irmãos Karamázov de Fiódor Dostoievski
“Se Deus não existe, então tudo é permitido”
Irmãos Karamázov pode ser resumido nessas oito palavras que formam um dos maiores dilemas humanos: a possibilidade da inexistência de um Deus que governe nossas atitudes. Embora não apareça no romance exatamente com essas palavras, a frase surge parafraseada nos textos acadêmicos de Ivan Karamazov, que apresenta os dilemas morais sobre a liberdade do homem diante da inexistência de um Deus total, tema preferido de filósofos modernos e existencialistas como Jean-Paul Sartre.
Irmãos Karamázov é considerado o Magnum Opus da literatura russa. O último romance de Dostoievski, que foi considerado por Freud como a obra mais importante da humanidade, traz a tona um assunto muito destrinchado em toda temática dostoievskiana: o assassinato.
O flerte de Dostoievski com homicídio é antigo. O exemplo mais explícito encontra-se em Crime e Castigo, que coloca em palco Raskolnikov, misantropo estudante que funda a teoria do “Homem extraordinário” e divaga sobre os direitos dos grandes homens sobre o assassinato. Outro clássico exemplo é “Os demônios”, único romance do autor russo de cunho político, que tem origem num episódio real de assassinato político.
Porém, Irmãos Karamázov orbita em torno de um crime mais restrito: o parricídio. Grande tabu humano representado por Sófocles na tragédia Grega, o parricídio é o ato de assassinar o próprio pai. O grande clímax do romance é o suposto assassinato de Fiódor Karamázov por seu filho Dmitri. Embora aconteça nos capítulos finais, a morte de Fiódor é o grande fio condutor da obra.
De início, somos apresentados à genealogia da família. Fiódor Karamázov é um homem devasso e em profunda decadência moral. Tivera três filhos, cada um de índoles completamente diferentes. Aliócha, o mais novo dos três, seguiu a vida monástica e tem como ídolo o monge Zóssima. Ivan Karamázov é o intelectual, ateu adepto ao niilismo. Intitulada de “O grande inquisidor”, o capítulo em que Ivan narra a Aliócha uma volta de Jesus no período da inquisição representa a mais famosa e perturbadora parábola sobre a liberdade do homem e o livre arbítrio. Por fim, Dmitri Karamázov é o filho que mais herdou o caráter boêmio e devasso do pai. Sempre metido em orgias e bebedeiras, este acaba apaixonando-se pela promíscua Grushenka, que é, na verdade, a catalisadora do assassinato de Fiódor Karamázov, pelo ciúme excessivo de Dmitri.
Contextualizando, temos uma Rússia que possuía, ainda, ranços feudais em comparação ao avanço tecnológico e humano do restante da Europa. Ao apresentar os irmãos como uma alegoria, Dostoievski nos mostra uma sociedade tricotômica: Aliócha representa a força da igreja ortodoxa russa, Ivan nos revela a intelectualidade e o niilismo, corrente filosófica introduzida por Turgeniev no pensamento russo, e Dmitri nos passa, talvez, uma crítica de Dostoievski à moral russa em decadência.
Irmãos Karamázov é um romance que embarca toda a alma russa em suas páginas. Nunca uma obra literária foi tão capaz de esmiuçar a natureza do homem e questionar sua liberdade quanto ele. Dostoievski tinha intenções de escrever sua continuação, porém veio a falecer uma ano após sua publicação.
Leitura obrigatória aos amantes da boa literatura russa, como eu.
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